Alimentação
escolar
Professora
ajuda alunos a trocar guloseimas por dieta saudável
Para estimular a descoberta de sabores, a professora investiu em piquenique
com a criançada
Inconformada ao observar
que as crianças trocavam, no dia a dia, o lanche equilibrado da escola por
salgadinhos e doces, a professora teve a certeza de que era hora de agir.
Assim, elaborou projeto pedagógico para conscientizar os alunos do quarto ano
da Escola Estadual de Combinado, município de 5 mil habitantes, em Tocantins,
sobre a importância da alimentação correta para uma vida saudável.
“Os alunos tinham
dificuldades para se alimentar bem. Gostavam de frituras, balinhas, pirulitos,
chicletes e doces o tempo todo”, diz a professora Anelice Marques de Souza.
“Então, iniciei projeto sobre alimentação saudável, colorida e balanceada para
contribuir com o crescimento e bem-estar deles.”
O primeiro passo, teórico,
baseou-se no conteúdo dos livros didáticos. As crianças foram em seguida
apresentadas à pirâmide alimentar. Com a turma dividida em grupos, cada aluno
teve a tarefa de levar gravuras para a construção de uma pirâmide. Na base, os
alimentos que fornecem energia para o corpo (cereais, pães, raízes); no alto,
os mais calóricos e que devem, portanto, ser consumidos em menor quantidade,
como gorduras e açúcares. “Eles aprenderam sobre a quantidade de cada tipo de
alimento que deve ser ingerida diariamente”, explica Anelice.
Para estimular a
descoberta de sabores, a professora investiu em piquenique com a criançada.
Sobre a toalha estendida no pátio da escola, frutas, sucos naturais, água e
biscoitos com cereais. “Estou feliz com o resultado”, revela a professora. “Os
pais enviaram bilhetes contando sobre a mudança na alimentação dos alunos:
aquele que não tomava leite passou a gostar; tinha aluno que não comia banana,
outro que não gostava de laranja.”
Segundo a professora, o
projeto foi um sucesso e reduziu em 80% o consumo das guloseimas. “As crianças
rejeitavam a merenda escolar, que tem cardápio preparado com o apoio de
nutricionistas, para comprar doces, refrigerantes e salgadinhos na vendinha”,
conta.
Transformação — Os alunos aprenderam
também sobre as doenças causadas pela má alimentação. “Falei da anemia, da
obesidade infantil, da pressão alta porque as pessoas consomem muito sal”,
enumera Anelice. O trabalho de conscientização teve resultado também nas casas
dos estudantes. “A gente sempre trabalha buscando a transformação”, afirma a
professora.
O projeto tornou-se um
complemento da horta escolar. As hortaliças e os legumes plantados e
aproveitados na merenda deixaram de ser rejeitados. “Fiquei satisfeita e realizada
quando a mãe de uma aluna revelou, durante reunião, que o projeto causara
mudança na alimentação da filha”, destaca Anelice. “Com o estudo, a criança
percebeu a importância dos nutrientes do feijão, que antes não consumia, no
funcionamento do organismo, e passou a diversificar o prato.”
A professora recebeu em
2012 o Prêmio Professores do Brasil, do Ministério da Educação, que na sexta
edição selecionou os 40 melhores projetos pedagógicos de escolas públicas.
Anelice pretende continuar com o projeto neste ano letivo. (Rovênia Amorim)
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