domingo, 30 de junho de 2013

PARA ONDE VAMOS?


‘Epidemia’ de manifestações tem quase 1 protesto por hora e atinge 353 cidades

Movimento ganhou força depois do dia 17, ao monopolizar o noticiário das grandes redes de TV, e auge foi no dia 20, em 150 cidades


Bruno Paes Manso e Rodrigo Burgarelli - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - No dia 6 de junho, os jornais de São Paulo ainda repercutiam mortes violentas em tentativas de assalto quando uma primeira manifestação de 150 jovens, aparentemente despretensiosa, aconteceu no centro da cidade, na hora do rush, rumo à Avenida Paulista. Era o primeiro protesto do Movimento Passe Livre (MPL), que nos dias seguintes atrairia os holofotes da imprensa e se espalharia como "epidemia" pelo Brasil, contagiando rapidamente a população de diferentes cidades.
Veja também:

Manifestantes na Avenida Paulista,  em São Paulo, na quarta-feira, 26 - JF Diorio/AE
JF Diorio/AE
Manifestantes na Avenida Paulista, em São Paulo, na quarta-feira, 26
Até quinta-feira, a população saiu às ruas com cartazes para protestar em pelo menos 353 municípios, conforme levantamento feito pelo Estado em eventos no Facebook e em menções na imprensa regional. Ao todo, houve pelo menos 490 protestos em três semanas (mais de 22 por dia). Já a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), em pesquisa feita nas prefeituras, identificou protestos em 438 cidades.
O papel das redes sociais (Twitter e Facebook) foi decisivo para a articulação dos discursos e para divulgar hora e local dos protestos. Mas a epidemia só ganhou força depois do dia 17, ao monopolizar o noticiário das grandes redes de televisão. "Fazendo um paralelo com o casamento, esses eventos não têm causa única. O casal não termina porque a toalha foi deixada em cima da cama. Essa toalha pode ser a gota d’água de brigas antigas. O mesmo ocorreu nos protestos, que explodiram por uma longa história de crises enfrentadas em silêncio", diz o professor de comunicação digital Luli Radfahrer (ECA-USP).
Avanço. Em São Paulo, os primeiros três protestos aconteceram em um intervalo de seis dias e não ultrapassaram os 10 mil manifestantes. Mesmo assim, já eram a principal história dos jornais. No dia 13 de junho, outras dez cidades aderiram - capitais ou cidades médias, como Natal, Porto Alegre, Rio, Santos e Sorocaba. No dia 17, quando São Paulo parou, com 200 mil pessoas nas ruas, já eram 21 protestando.
O auge foi no dia 20, quando 150 municípios tiveram protestos. Pelo menos 1 milhão de brasileiros foram às passeatas, segundo dados das Polícias Militares de 75 cidades. Desde Belém, no Pará, até Santana do Livramento, na fronteira com o Uruguai. A menor cidade a se rebelar foi Figueirão (MS), que tem 2,9 mil habitantes.
O mote do transporte público foi o mais popular principalmente nas cidades que têm rede de ônibus. Mas os protestos também ganharam conotações regionais, especialmente nas cidades menores. Picos (PI), por exemplo, atraiu manifestantes contra os pistoleiros. Coxim (MS) protestou contra os buracos nas ruas e pediu a saída do secretário de obras. "Foi uma revolta típica da pós-modernidade, aparentemente sem causa. Do ponto de vista político, contudo, a multiplicidade de causas tornou os protestos mais fortes justamente porque permite várias interpretações dos que vão se manifestar", diz o psicanalista Jorge Forbes.
Forbes enxerga, no entanto, um ponto em comum nas demandas. "Trata-se de uma sociedade civil renovada, mais informada e educada, que continua tendo de lidar com as instituições do século passado, anacrônicas, que não atendem mais os anseios da população."
Difícil leitura. Mesmo para aqueles que acompanham a história do movimento, a epidemia de protestos surpreendeu. O filósofo Pablo Ortellado, coautor do livro Estamos Vencendo! (Conrad), sobre os movimentos autonomistas no Brasil, ainda se esforça para entender o que aconteceu. "A resistência e a desobediência civil já eram discutidas desde Seattle, em 1999, nos movimentos antiglobalização. A novidade foi o Passe Livre, que passou a ter uma pauta clara, com um grupo de referência para negociar. O governo foi acuado pelas passeatas e mudou sua decisão." As manifestações continuaram em menor quantidade depois da redução das tarifas, apesar de muitos protestos contra a Copa das Confederações.
Estadão.com

TUDO IGUAL?


Paciente de plano de saúde já enfrenta problemas comuns na rede pública

Queda da qualidade. Número de clientes com convênio cresce no País, mas oferta de serviço não acompanha a demanda. Em SP, usuários relatam espera de meses para agendar uma consulta ou marcar exame e longas filas em prontos-socorros


ADRIANA FERRAZ , FERNANDA BASSETTE - O Estado de S.Paulo
Três meses para agendar uma consulta. Duas horas de espera no pronto-socorro. Dois meses para marcar um exame. Falta de leitos para internação. Esse é o retrato do atendimento aos pacientes de planos de saúde no Brasil - uma realidade que cada dia mais se aproxima do serviço da rede pública, também em crise. Pagar mensalidades caras, muitas vezes superiores a R$ 1 mil, não assegura mais rapidez nem qualidade no atendimento.
Atualmente, 47,9 milhões de brasileiros têm planos de saúde - um milhão a mais do que em 2011. O problema é que a oferta de consultórios, leitos, laboratórios e hospitais vem sofrendo uma redução. Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) apontam queda de 10,2% no número de clínicas ou ambulatórios no Estado de São Paulo e redução de 10% no de prontos-socorros gerais de um ano para o outro.
Não à toa, reclamações contra planos de saúde estão entre as dez principais queixas dos consumidores no Procon-SP. "Houve um crescimento muito rápido da demanda, porque mais pessoas têm acesso aos planos de saúde. Mas o mercado não é capaz de absorver todo mundo", avalia o médico Gonzalo Vecina, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP.
A mesma opinião tem o professor da Faculdade de Saúde Pública da USP Oswaldo Yoshimi Tanaka. "Observamos um aumento nos planos, criado pelo crescimento dos empregos formais e pela ascensão da classe D à C. Da mesma maneira que as pessoas têm desejo de consumir carro e celular, elas querem planos de saúde, que, por sua vez, aumentaram a clientela, mas não a oferta."
Demanda e custo. Um dos principais entraves nesse cenário é a baixa remuneração dos médicos. Situação exemplificada pelo clínico Geraldo (nome fictício), de Sapopemba, na zona leste. Ele conta que o gasto mensal de seu consultório é de R$ 6 mil, e os planos pagam cerca de R$ 45 por consulta - ele precisaria fazer mais de 130 consultas por mês para arcar com os custos. Por uma consulta particular, ele recebe R$ 300.
A baixa remuneração leva médicos a reduzir horários em suas agendas para pacientes de planos - ou até deixar de atendê-los. Como consequência, esses clientes acabam buscando o pronto-socorro, sobrecarregando o sistema com idas desnecessárias aos hospitais.
"Em geral, o paciente que está no pronto-socorro está no meio de uma crise de um problema crônico, como diabete e hipertensão. Ele vai tratar a crise e não o problema real. E vai voltar lá, porque não consegue agendar a consulta. É um círculo vicioso", afirma Vecina.
É o caso da arquiteta Silmara (nome fictício), de 37 anos. No início do mês, ela foi com o marido no pronto-socorro do Hospital Oswaldo Cruz. Marcelo sentia uma forte dor de cabeça havia 5 dias e tentara agendar uma consulta com um neurologista do plano, mas só havia data no fim do mês. "A dor não passava com nenhum remédio. Com medo de que fosse um aneurisma, fomos ao pronto-socorro."
Anteontem, a reportagem visitou cinco prontos-socorros: São Luiz do Itaim-Bibi, São Camilo, Nove de Julho, Santa Catarina e Samaritano. O tempo médio de espera para o primeiro atendimento era de 40 minutos. Mas de acordo com o tipo de medicação necessária, a demora passava de três horas.
Os hospitais disseram que o tempo de espera varia segundo o horário, o dia da semana e a época do ano. No inverno, é comum que a demora seja maior por causa do aumento de casos de problemas respiratórios. Segundo eles, a ordem de atendimento prioriza casos urgentes e não quem chegou primeiro.
Vaquinha. Além da demora no agendamento de consultas, a falta de leitos de internação também tem se tornado uma pedra no sapato dos usuários de planos. Em maio, a microempresária Raquel da Silva Moreira, de 44 anos, teve de pedir R$ 130 mil emprestados ao irmão para internar o filho Gabriel, de três meses, na UTI pediátrica em um hospital de ponta da capital.
O bebê estava com problemas respiratórios e podia morrer. Raquel procurou um pronto-socorro, mas não havia leito disponível. Acionou o convênio e ligou para três hospitais, todos sem vagas. "Havia vaga só no Einstein, mas era preciso depositar R$ 130 mil antecipadamente. Não tinha o dinheiro e envolvi a família." Ela fez uma vaquinha. O bebê foi transferido e ficou três dias internado. O custo total: R$ 21 mil, sem contar os R$ 2 mil da ambulância. A diferença do valor da internação foi devolvida pelo hospital.
O Hospital Albert Einstein informou que o tratamento emergencial ocorreu em outro hospital. "O que foi feito foi uma transferência eletiva." Nesse caso, segundo o hospital, o pagamento parcial antecipado é legal. Raquel vai à Justiça pedir o ressarcimento, já que o plano se recusou a reembolsá-la.
Estadão.com

DADOS PRECONCEITUOSOS


ELEITORES DO NORDESTE, MAIS VELHOS, MENOS INSTRUÍDOS, POBRES E DO INTERIOR SUSTENTAM DILMA ROUSSEFF

Publicada em: 30/6/2013 às 15:30

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Quando se faz um recorte na taxa de intenção de voto de Dilma Rousseff para presidente (29% a 30%, segundo o Datafolha), nota-se que a presidente se sustenta com base em eleitores do Nordeste, mais velhos, menos instruídos e os que vivem no interior.

O cenário ainda mais provável para a sucessão de 2014 inclui Dilma, Marina Silva (Rede), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Eles pontuam 30%, 23%, 17% e 7%, respectivamente.

Mas veja o que acontece com os 30% Dilma Rousseff quando se estratifica o resultado:

- Região: a presidente tem 45% no Nordeste contra apenas 22% no Sudeste, 27% no Sul e 28% no Norte/Centro-Oeste;

- Natureza do município: Dilma tem 24% em capitais e regiões metropolitanas e 34% em cidades do interior;

- Idade: a petista tem 33% entre os eleitores de 60 anos ou mais e 27% na faixa de 16 a 24 anos;

- Escolaridade: Dilma tem 38% dos votos dos eleitores com ensino fundamental, mas só 19% daqueles que têm curso superior;

- Renda familiar mensal: a presidente recebe o apoio de 36% da faixa até 2 salários mínimos e 19% no grupo que ganha mais de 10 salários mínimos.

O que tudo isso significa? Que o voto de Dilma Rousseff é bem menos homogêneo do que foi em levantamentos passados. E que os apoios estão no estrato do eleitorado que até hoje mais se beneficiou das políticas sociais petistas.

Nesse cenário (a petista contra Marina, Aécio e Campos), Dilma Rousseff já perde numericamente para Marina Silva no Sudeste (24% a 22%) e no Norte/Centro-Oeste (30% a 28%). A diferença percentual nesses casos está dentro da margem de erro, mas ainda assim é um sinal inédito para a presidente no atual ciclo eleitoral.

Entre os jovens de 16 a 24 anos, Marina Silva tem 31% contra 27% de Dilma.

No caso dos eleitores com nível superior, a diferença é grande: Marina vaia 33% contra apenas 19% de Dilma.

Eis as tabelas do Datafolha com todos esses dados apurados no levantamento de 27 e 28 de junho, com 4.717 pessoas em 196 cidades país (e margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos):
FONTE: ADAUCÉLIA PALITOT - POLÍTICAPB

sábado, 29 de junho de 2013

LULA, O MANIFESTANTE


Lula assume papel decisivo na organização das manifestações em todo o país


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, nesta capital, a homenagem do presidente Rafael Correa
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, nesta capital, os integrantes dos movimentos sociais
Ex-presidente da República e um dos principais atores políticos da esquerda brasileira, Luiz Inácio Lula da Silva assume, definitivamente, o seu papel de liderança nos movimentos sociais que tomaram as ruas do país, em uma série de manifestações que chega à sua segunda semana. De sua base, na sede do Instituto Lula, nesta capital, o principal aliado da presidenta Dilma Rousseff na elaboração de uma agenda política para a realização de um plebiscito, provavelmente em agosto, intensifica os encontros com os movimentos sociais mais próximos do Partido dos Trabalhadores (PT).
No mais recente encontro, na véspera, com jovens de grupos como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a União da Juventude Socialista (UJS), o Levante Popular da Juventude e o Conselho Nacional da Juventude (Conjuve), Lula ofereceu o diapasão para afinar o discurso dos movimentos sociais. Em lugar da esperada mensagem de conciliação e o pedido de calma aos manifestantes, o momento é de “ir para a rua”, afirmou o ex-presidente. A reunião, no bairro do Ipiranga, em São Paulo não contou com a presença do Movimento Passe Livre (MPL), nem do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
– O (ex-)presidente queria entender essa onda de protestos e avaliou muito positivamente o que está acontecendo nas ruas – disse a jornalistas André Pereira Toranski, dirigente da UJS, que conta majoritariamente com militantes do PCdoB.
Outro participante do encontro, que preferiu o anonimato, afirma que Lula “colocou que é hora de trabalhador e juventude irem para a rua para aprofundar as mudanças. Enfrentar a direita e empurrar o governo para a esquerda. Ele agiu muito mais como um líder de massa do que como governo. Não usou essas palavras, mas disse algo com ‘se a direita quer luta de massas, vamos fazer lutas de massas”.
Em nota publicada em seu perfil na rede social Facebook, na última quinta-feira, Lula já se mostrava favorável às manifestações ocorridas desde o último dia 13 em várias cidades do Brasil: “Ninguém em sã consciência pode ser contra manifestações da sociedade civil, porque a democracia não é um pacto de silêncio, mas sim a sociedade em movimentação em busca de novas conquistas”, declarou.
Em São Paulo, Lula apoiou a negociação entre o governo e os manifestantes, que reclamavam do aumento no preço da passagem de ônibus. Na ocasião, o ex-presidente demonstrou confiança no trabalho do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, ministro da Educação durante seu governo.
– Estou seguro, se bem conheço o prefeito Fernando Haddad, que ele é um homem de negociação. Tenho certeza que dentre os manifestantes, a maioria tem disposição de ajudar a construir uma solução para o transporte urbano – afirmou. Apenas alguns dias depois, Haddad revogou o aumento de R$ 0,20 no preço da passagem.
Plebiscito
De sua parte, a presidenta Dilma também seguiu os conselhos do amigo e antecessor no cargo e vem promovendo, desde o início desta semana, uma série de encontros com os movimentos sociais. Na véspera, Dilma recebeu os representantes de oito centrais sindicais e dedicou 40 minutos da reunião para explicar aos dirigentes como serão norteadas as ações para os cinco pactos anunciados pelo governo – com vistas à melhoria dos serviços públicos – e destacou a importância de ser convocado um plebiscito no país para discussão da reforma política. Embora a presidenta não tenha sido explícita no apelo às centrais, a sua fala na abertura do encontro foi vista pela maior parte dos presentes como uma forma de pedir o apoio das entidades para as medidas divulgadas nos últimos dias.
A presidenta admitiu que é preciso aprimorar a interlocução com as centrais e disse concordar com as críticas das ruas sobre a qualidade dos serviços públicos. Afirmou, ainda, que a pressão das mobilizações está correta e ajuda na transformação do país. Participaram do encontro representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), União Geral dos Trabalhadores (UGT), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e Força Sindical, bem como Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), CSP-Conlutas e Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), além de técnicos do Dieese.
Os sindicalistas apresentaram os principais itens definidos na pauta traçada nos últimos dias com solicitações ao governo, tais como melhorias na qualidade do transporte público e redução das tarifas, mais investimentos na educação e na saúde, retirada de tramitação, no Congresso, do Projeto de Lei 4.330 – referente à regulamentação das atividades de terceirização, fim do fator previdenciário e aumento dos valores das aposentadorias, reforma agrária e redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais. Dilma deixou claro que essa pauta será negociada como um todo e que o governo apresentará uma resposta até agosto.
Mesmo lembrando que alguns desses temas precisam ser discutidos e negociados no Congresso e ressaltando a importância de as centrais participarem dessas negociações, a presidenta assegurou, no que se refere ao PL 4.330, que embora não possa vir a vetar o projeto inteiro, não deixará que sejam retirados direitos dos trabalhadores. Além disso, ela enfatizou que não aprovará qualquer projeto sem que exista acordo entre trabalhadores, empregadores e governo e que atenderá à reivindicação das centrais de estabelecer um canal de diálogo permanente, conforme relatou, ao final do encontro, o presidente da CUT, Vagner Freitas.
– A reunião não teve o objetivo de discutir a pauta dos trabalhadores e sim o atual momento político do Brasil. Colocamos para a presidenta que é preciso levar em consideração, nesse debate, os interesses dos trabalhadores organizados. Foi um espaço para que discutíssemos o que está acontecendo e como devemos fazer para que o movimento crie propostas progressistas – afirmou Freitas.
Durante sua fala à presidenta no encontro, o dirigente da CUT ponderou que as melhorias nos serviços pleiteados pela população só existirão com o investimento na rede pública.
– O governo tem de se debruçar sobre a saúde, transporte, educação e segurança pública de qualidade. Não adianta querer melhorar privatizando. Apontamos que a resposta tem de vir do Estado e ela (a presidenta) concordou – disse, ao sair do Palácio do Planalto.
No próximo dia 11, as centrais prometem ir às ruas em todo o país pela aprovação de sua pauta de reivindicações.
Das ruas às urnas
Para Luiz Carlos Antero, jornalista e escritor, colunista e membro da Equipe de Pautas Especiais do sítio Vermelho.org, o plebiscito pela reforma política é uma das propostas que “podem surtir um maior impacto”. Em um debate mais amplo, segundo o analista, “pode contribuir para uma maior participação popular e para aprofundar a democracia no Brasil, destacando-se em especial aspectos como o do financiamento público de campanhas”.
“Entretanto, ainda mais que compreender o que se passa no Brasil no atual momento, é indispensável e urgente o esforço da apresentação de um afirmativo e unitário programa popular e democrático enquanto fio condutor das lutas de rua — para as quais qualquer pauta institucional e toda pausa na movimentação terá um sentido provisório e cumulativo, distante do improvável êxito do pensamento ou desejo de uma nova acomodação” afirma.
Correio do Brasil

ENQUANTO ISSO EM ROMA...

INCENDIARAM O PAÍS




Diário do Nordeste

OS PRÓXIMOS...


Análise »
Prisão do deputado Natan Donadon preocupa condenados no Mensalão

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de mandar para a cadeia o deputado Natan Donadon é um sinal de preocupação para os condenados no julgamento do mensalão. Embora os processos sejam distintos e a condenação do parlamentar tenha ocorrido há mais de dois anos e meio, a avaliação de ministros do STF é de que dificilmente os réus da Ação Penal 470 escaparão de ser presos, possivelmente ainda neste ano.

Além da celeridade aplicada ao processo do mensalão, cujos recursos devem ser julgados em agosto, advogados temem que a pressão popular pelo combate à corrupção possa colaborar para que os embargos de declaração sejam rejeitados, e os infringentes sequer aceitos, por não estarem previstos em lei. “Tudo no processo do mensalão sai do figurino do STF e corre numa velocidade maior”, disse Alberto Toron, advogado do deputado João Paulo Cunha (PT-SP).

Semiaberto
Um magistrado do STF avalia que a prisão de Donadon em pleno exercício do mandato é “motivo de preocupação” para os quatro congressistas condenados na Ação Penal 470 — João Paulo, José Genoino (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP) —, embora somente o primeiro tenha que cumprir em regime fechado. Os demais ficarão no semiaberto. Já o ministro Marco Aurélio Mello avalia que não dá para relacionar o mensalão com o caso Donadon. “Cada caso é um caso. Não há como fazer juízo prévio.”

Diário de Pernambuco

VAMOS EXONERAR OS PARENTES


CRIME ESCANCARADO

Matéria do MaisPB estimula população, que denuncia mais casos de nepotismo

Em poucas horas, leitores do portal revelaram mesma prática em mais seis cidades do Estado

   












Uma fagulha no palheiro. A cena pode muito bem expressar a iniciativa de alguns leitores do MaisPBque, revoltados com a prática de nepotismo escancarada em cidades como Caaporã e Mari (em que as prefeituras abrigam vários parentes dos prefeitos), aproveitaram a manchete do portal que trata do assunto para abrir a 'caixa preta' de suas cidades e revelar que o problema se alastra por toda a Paraíba.

De acordo com o leitor Bruno Cunha, em Matinhas a filha da prefeita Fátima Silva (PMDB) é secretária de Assistência Social e seu marido é quem dirige uma camionete Hilux alugada pela prefeitura. Achando pouco, segundo o leitor, a prefeita nomeou seu filho como comandante da curiosa ‘Secretaria de Transportes’.

“Aqui nem transporte público tem. 80% da população está na zona rural”, afirmou Bruno.

Situação nada diferente acontece na cidade de Dona Inês, segundo o leitor José Francisco dos Santos. Pelo que acusa, o prefeito Antônio Justino (PSB) nomeou toda a família para cargos no alto escalão da administração. Entre os favorecidos estariam sua esposa, o irmão, primos, primas e outros agregados.

“Isso é uma vergonha para a Paraíba”, disparou o internauta.

Como uma história que se repete sem nenhuma diferença, o nepotismo assola a bela cidade de Areia, no Brejo paraibano. De acordo com o leitor André Melo, a prática criminosa está escancarada no município.

“Nepotismo por todo lado”, disparou o areiense, arrematando com sua indignação de eleitor: “Se arrependimento matasse...”.

Em poucas horas de postagem, a matéria que chamava a atenção para o caso de nepotismo em Mari e Caaporã recebeu outras denúncias, como a dos leitores Pedro (de Caturité) e de JNeto, de Mulungu, onde afirma que a prefeita Joana Darc (PSB) nomeou irmãs e cunhados.

“Isso ai é fichinha se você levantar a festa de parentes contratados na pequena e pobre cidade de São José dos Ramos”, denunciou o internauta Damião.

Nem mesmo a prefeitura de Campina Grande fugiu das denúncias dos leitores do MaisPB.

Aos que queiram contribuir com a matéria, podem deixar seu comentário trazendo a realidades de suas cidades, caso sofram com a prática de nepotismo.



MaisPB

sexta-feira, 28 de junho de 2013

FRUTAS PODRES?

POLÍTICA BRASILEIRA





Diário do Nordeste

TIRO NO PÉ


ECONOMIA

Estudo aponta que Copa do Mundo não eleva crescimento do País

Metodologia desenvolvida por dois professores da UFPE conclui que o evento não ajuda nada no crescimento de um País. Foram analisadas oito Copas, de 1978 a 2006

 / Foto: Rodrigo Lôbo/JC Imagem

Foto: Rodrigo Lôbo/JC Imagem

Um estudo pernambucano coloca mais lenha na fogueira sobre os gastos com o Mundial 2014, alvo de manifestações durante a Copa das Confederações no País. Ao contrário dos economistas, governos e da Fifa, que falam dos ganhos para quem sedia uma Copa do Mundo, dois pesquisadores do Departamento de Economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Jorge Viana e Breno Sampaio, usaram uma metodologia nova e concluíram que o evento não ajuda nada no crescimento de um País. Foram analisadas oito Copas, de 1978 a 2006. Na avaliação deles, a tendência é que o Brasil não tenha qualquer benefício no Produto Interno Bruto (PIB) com o Mundial 2014.

O estudo encarou a seguinte questão: se vários fatores influenciam a economia, do crescimento populacional a fatores mundiais, como dizer se a Copa afeta ou não o PIB de um País?

Em geral, há dois tipos de análises – projeção antes e análise após o Mundial. O estudo da dupla usa uma terceira via, um método publicado na melhor revista de estatística do mundo, a Journal of the American Statistical Association. Trata-se de comparar o PIB do ano do Mundial com uma estimativa para o mesmo país, no mesmo ano, sem a Copa. “Esse método, inclusive, está como recomendação número um no site do Banco Mundial para a realização de análises semelhantes à nossa”, diz.

Segundo ele, outras pesquisas não usaram o método pelo fato de ser recente, de 2010 – a próxima Copa será a primeira após sua criação. A dupla fez o trabalho em inglês para enviar a uma publicação internacional da área. “O estudo chega somente a uma resposta: aparentemente, não há relação entre Copa do Mundo e crescimento do PIB”, diz Breno. O estudo não trata do efeito em escala menor, sobre setores como o turístico ou o comércio internacional. “Pode ser que o turismo seja afetado positivamente, mas não é largamente afetado de tal forma que acabe afetando o PIB. Pode, inclusive, apenas alterar o tipo de turista, pouco afetando o turismo total”, comenta Breno.

Questionado se, a partir do estudo, a tendência é não haver impacto da Copa 2014 no Brasil, Breno é enfático: “Sim. Chama-se validade externa. Obviamente, não se pode afirmar com certeza que um evento vai ou não acontecer. Pode ser que o Brasil seja o único país no mundo que tenha resultados positivos da Copa – acho muito pouco provável, muito mesmo. Afinal, somos estatísticos, tudo é possível. Mas devo dizer que é muito forte o resultado mostrado no paper de que, entre as diversas Copas do Mundo analisadas, praticamente todas tiveram resultados inalterados quanto ao PIB. Tudo leva a crer que o Brasil não terá frutos em termos de PIB”, diz.
Jornal do Comércio

OS ESTÁDIOS CUSTARAM MUITO MAIS


Obras da transposição vão depender de R$ 280 mi

Informação é do secretário de Estado dos Recursos Hídricos, do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia, João Azevedo.

As obras complementares de esgotamento sanitário para receber a transposição do rio São Francisco em 40 municípios paraibanos dependem da liberação de R$ 280 milhões do governo federal, por meio do PAC/Funasa. A informação é do secretário de Estado dos Recursos Hídricos, do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia, João Azevedo, que aguarda liberação de mais recursos para dar início às obras. “O governo federal tem até o dia 31 de agosto para anunciar os projetos que terão recursos liberados. A nossa expectativa é que os municípios paraibanos estejam nessa relação”, disse João Azevedo.

De acordo com o secretário, dos 51 municípios que fazem parte da bacia receptora da Paraíba, 11 estão em obras e 40 aguardam liberação de recurso. “Os projetos já foram pré-aprovados, mas estão em fase de análise. Sabemos que o governo federal não tem recurso para liberar tudo de uma só vez, portanto, o nosso papel é continuar pleiteando os recursos. Essa é a nossa luta diária”, disse o secretário.

No total, as obras de esgotamento sanitário dos municípios que formam a bacia estendida do rio São Francisco na Paraíba custarão R$ 360 milhões. Os recursos destinados aos 11 municípios que já estão em obras somam R$ 80 milhões - desses, 30% já foram liberados, segundo João Azevedo. “As obras estão caminhando em ritmo normal. Algumas mais rápidas, outras menos”, disse o secretário.

As obras de esgotamento são essenciais para a transposição do rio do São Francisco, já que os municípios precisam tratar o seu esgoto para evitar que seja depositado nos rios, contaminando as águas que deverão servir para o consumo.

Os municípios que já foram contemplados com recursos são: Belém do Brejo do Cruz (R$ 9,9 milhões), Cabaceiras (R$ 5 milhões), Caraúbas (R$ 5,4 milhões), Coremas (R$ 8 milhões), Coxixola (R$ 3,3 milhões), Livramento (R$ 6,2 milhões), São Bento (R$ 14 milhões), São José de Piranhas (R$ 8 milhões), São José dos Cordeiros (R$ 3,3 milhões), Serra Branca (R$ 8 milhões), Taperoá (R$ 8 milhões) e Queimadas (R$ 5,3 milhões).

Outras obras complementares para receber a transposição também estão em execução no Estado, a exemplo do canal Acauã/Araçagi e das adutoras de Boqueirão e Camalaú.
Do JP Online

NEGÓCIO DE FAMÍLIA


NEPOTISMO

Prefeitos da Paraíba nomeiam parentes para importantes pastas das cidades

Irmão, irmã, cunhado, sobrinho e genro são escalados pelos gestores para cargos públicos


 Apesar de já tem lei aprovada na Paraíba proibindo a contratação de parentes no Serviço Público, a onda de nepotismo continua atingido cidades da Paraíba. É o caso das cidades de Mari, na zona da mata paraibana, e Caaporã, no litoral sul, onde os gestores nomearam parentes próximos para cargos importantes nas administrações municipais.

Em Mari, o prefeito Marcos Martins, que voltou ao poder após derrotar o ex-aliado Antônio Gomes nas urnas, nomeou dois irmãos no seu Governo. Wanderley Martins assumiu a Secretaria das Finanças do município. Marcos Martins também nomeou a irmã, Margarete Martins para a pasta da Sáude.

Na cidade de Caaporã, o prefeito o gestor João Batista Soares, colocou para cuidar das finanças da cidade o sobrinho; Fábio Luiz. Já a parta do Meio ambiente está sendo assumida pelo genro, Gleiber.


MaisPB

com informações da 98 FM

quinta-feira, 27 de junho de 2013

SENADO VOTA TUDO


SENADO

Passe livre para estudantes na pauta desta quinta-feira

Também será colocada em votação a ficha limpa para os servidores

Agência Senado

Nesta quinta-feira (27), o Senado deve dar continuidade às votações da agenda legislativa elaborada para atender o que os senadores chamaram de “clamor das ruas”, em referência às manifestações realizadas no país desde o início do mês. Serão votados requerimentos de urgência para vários projetos, entre eles o que trata do passe livre para estudantes (PLS 248/2013) e o que institui a ficha limpa para servidores públicos (PEC 6/2012).

O PLS 248, do presidente Renan Calheiros (PMDB-AL), institui o programa Passe Livre Estudantil, de âmbito nacional, que assegura a gratuidade no sistema de transporte público coletivo local, para os estudantes do ensino fundamental, médio ou superior, que estejam regularmente matriculados e com frequência comprovada em instituição pública ou privada de ensino. Os recursos necessários para financiar o benefício virão dos royalties do petróleo.

Na justificativa da proposta, o presidente do Senado afirma que investir no transporte de estudantes é também investir na educação e explica que o estudante tem um ônus com sua passagem que outros segmentos da sociedade não possuem.

“É o que se conclui quando verificamos que o trabalhador empregado tem seu transporte custeado pela empresa, que o idoso goza da gratuidade do transporte público local, assim como a pessoa com deficiência ou o policial fardado, que acabam, portanto, sendo custeados por toda a sociedade”, argumenta Renan.
A PEC 6/2012, do senador Pedro Taques (PDT-MT), estende a exigência da ficha limpa aos servidores públicos comissionados. Assim, condenados pela Justiça em segunda instância, e até profissionais cassados por conselhos profissionais, poderão ser impedidos de assumir cargos em comissão no serviço público, com base na Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar 135/2010).

Segundo Taques, a PEC 6/2012 impõe a restrição na contratação de servidores comissionados e de confiança pelos Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. Ele adiantou que a Controladoria-Geral da União (CGU) já estuda a edição de um decreto aplicando o critério de inelegibilidade da Lei da Ficha Limpa na nomeação de servidores públicos federais condenados pela Justiça.
Na justificação da proposta, o senador deixa clara a intenção de resguardar o princípio constitucional da moralidade na Administração Pública, e não de buscar uma punição antecipada do cidadão convocado para cargo comissionado ou função de confiança. O princípio da não-culpabilidade estaria preservado pelo fato de a inelegibilidade definida na Lei da Ficha Limpa só alcançar os condenados por órgão judicial colegiado ou definitivamente pela Justiça.
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SERÁ DO CÉU?


De onde vem o dinheiro da Copa?


Do total, R$ 7,5 bilhões serão gastos em estádios. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press/Arquivo
Do total, R$ 7,5 bilhões serão gastos em estádios. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press/Arquivo
 Os protestos das últimas semanas abriram um amplo debate sobre os custos e impactos econômicos da realização da Copa do Mundo no Brasil. Alguns manifestantes chegam a defender um boicote ao evento em protesto contra o que consideram um desperdício de recursos públicos. Para eles, as entidades governamentais deveriam estar investindo em educação e hospitais os bilhões usados para construir estádios e outras obras ligadas ao evento. 

O ex-jogador e deputado federal Romário engrossou o coro em um vídeo que se tornou viral na internet, no qual ataca a Fifa e alega que a Copa brasileira custará cerca de três vezes mais do que as anteriores, número contestado pelo Comitê Gestor da Copa do Mundo de 2014, o CGCopa.

"A África do Sul teve um gasto de R$ 7,7 bilhões de reais, o Japão de R$ 10,1 bilhões, a Alemanha de R$ 10,7 bilhões e o Brasil já está em R$ 28 e alguma coisa (bilhões). Ou seja, desculpe a expressão, mas que sacanagem. É sacanagem com o dinheiro do povo. Falta de respeito e escrúpulos", disse o deputado.

As autoridades envolvidas na organização da Copa se defendem alegando que muitos desses bilhões na realidade serão gastos em obras de infraestrutura e mobilidade urbana que precisavam ser realizadas com ou sem o torneio. A presidente Dilma Rousseff também garantiu, em discurso em rede nacional, que nem um centavo do orçamento foi usado em estádios. Mas isso não quer dizer que não tenham sido usados recursos públicos em tais obras.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiou boa parte dos estádios com linhas de crédito a juros subsidiados – e, em muitos casos, os empréstimos foram tomados por governos estaduais, que terão de pagar o banco também com dinheiro público. Além disso, os estádios contam com isenções fiscais dentro do programa Recopa.

Em meio a uma guerra de acusações e números, a BBC entrevistou autoridades e especialistas para tentar desatar os nós dessas polêmicas, explicando, afinal, quem paga pelas obras da Copa, em que condições, e com quais recursos. 

Quanto custará a Copa no Brasil?

A previsão atual do comitê organizador é que sejam investidos em obras relacionadas a Copa um total de R$ 28,1 bilhões. Aí estão incluídos 327 projetos que vão desde obras de infraestrutura básica, como aeroportos e corredores exclusivos para ônibus, até gastos diretamente ligados ao torneio de futebol.

Do total, R$ 7,5 bilhões serão gastos em estádios; R$ 8,9 bilhões em obras de mobilidade urbana; R$ 8,4 bilhões em aeroportos e R$ 1,9 bilhão em segurança. O restante será investido em desenvolvimento turístico, portos e telecomunicações.

Tais obras fazem parte do que o governo chamou de "Matriz de Responsabilidade" da Copa e podem ser conferidas no Portal Transparência, mantido pela Controladoria Geral da União (CGU), embora alguns dados estejam desatualizados.

Foi a Copa mais cara da história?

A comparação entre países é complicada por uma série de razões, como explicou para a BBC Brasil Holger Preuss, Professor de Economia do Esporte na Universidade Johannes Gutenberg-University, na Alemanha, que estudou o impacto econômico das duas últimas Copas. Para começar, nem sempre os governos realizadores dos eventos disponibilizam seus gastos. "E mesmo que o façam, a prestação de contas não é padronizada, o que dificulta a comparação", diz Preuss.

Recentemente, a Rússia anunciou que seus gastos para o evento de 2018 devem ficar em mais de R$ 35 bilhões, por exemplo – e no caso russo, a lista de projetos também inclui obras de infraestrutura básica e mobilidade urbana. Segundo a assessoria de imprensa do deputado Romário, os dados citados pelo jogador no vídeo mencionado acima constavam em um editorial de jornal. 

"É preciso ver quais obras foram incluídas nos gastos de outros países. No caso do Brasil, o valor ficou alto porque incluímos essas obras de infraestrutura e mobilidade urbana que iriam ser feitas com ou sem Copa e ficarão como um legado para a população", diz Luís Fernandes, secretário-executivo do ministério dos Esportes e integrante do CGCopa.

"De fato, é preciso muito cuidado para evitar uma comparação entre maçãs e bananas", concorda o economista Pedro Trengrouse, da FGV. "Muitas dessas obras só foram catalisadas pela Copa. Não há dúvida de que precisávamos de mais aeroportos, por exemplo. Só o aeroporto de Atlanta, nos EUA, tem mais fingers (passarelas móveis usadas para o embarque de passageiros) do que todos os aeroportos do Brasil juntos".

É claro que isso não quer dizer que os custos de algumas obras específicas não possam ser contestados – nem que não haja exageros de gastos, irregularidades ou superfaturamento em algumas, ou muitas, delas.

Muitos especialistas contestam, por exemplo, a construção de estádios imensos em lugares que parecem não ter público ou clubes suficientes para manter a ocupação de tais estruturas após o evento. Entre eles estariam o estádio construído em Brasília, que tem capacidade para 71 mil pessoas e custou mais de R$ bilhão. E o de Manaus, que abrigará 44 mil torcedores e custou R$ 583 milhões (segundo o Portal Transparência).

As empresas e Estados envolvidos nos projetos alegam que a adequação das obras ao padrão Fifa ajuda a encarecê-las. Mas organizações da sociedade civil exigem mais explicações e transparência sobre essas escolhas.

Segundo o conselheiro Fabiano Silveira, do Conselho Nacional do Ministério Público, uma das questões que o MP está investigando com atenção são os custos de estruturas temporárias – as barracas que ficam em volta dos estádios para abrigar centros de credenciamento, receber pessoal da Fifa e etc. Em alguns Estados, os custos de tais estruturas chegariam a dezenas de milhares de reais, o que parece um exagero na avaliação do conselheiro.

"Também não há como negar que questões como corrupção e ineficiência podem encarecer alguns projetos", diz Preuss, para quem o problema não é gastar muito, mas como garantir, que, em cada caso, os recursos estejam sendo usados da maneira mais eficiente possível.

Quem paga pelas obras da Copa?

Cerca de um terço do valor das obras (R$ 8,7 bilhões) está sendo financiado por bancos federais, como Caixa Econômica Federal, BNDES e BNB (Banco do Nordeste do Brasil). Boa parte desses empréstimos é tomada pelos próprios governos estaduais, sozinhos ou em parcerias com o setor privado (PPPs), embora alguns empréstimos também sejam contraídos por entes privados (como os R$ 400 liberados pelo BNDES para o Corinthians construir o Itaquerão).

Além disso, as obras da Matriz de Responsabilidade da Copa também consumirão R$ 6,5 bilhões do orçamento federal e R$ 7,3 bilhões de governos locais (estaduais e municipais). Dos R$ 28,1 bilhões, apenas R$ 5,6 bilhões serão recursos privados (que se concentram principalmente nos aeroportos).

E pelos estádios?

Os bancos federais financiaram cerca de metade dos R$ 7,5 milhões gastos em arenas para a Copa. Apenas R$ 820 mil foram financiados com recursos privados (segundo valores da CGU, que diferem um pouco de um levantamento do Tribunal de Contas da União). O restante dos recursos foi aportado por governos locais, principalmente estaduais. Na Alemanha, Preuss conta que os recursos públicos financiaram apenas um terço dos 1,5 bilhão de euros gastos em estádios.

Segundo o secretário federal de Controle Interno da Controladoria-Geral da União, Valdir Agapito, dos 12 estádios, quatro são públicos e foram, ou estão sendo construídos ou reformados pelos governos estaduais (Brasília, Manaus, Rio de Janeiro e Cuiabá – apesar de o Maracanã, no Rio, estar prestes a ser entregue para exploração pelo setor privado), cinco estão a encargo de esquemas de Parcerias Publico Privadas, ou PPPs, (Salvador, Natal, Fortaleza, Recife e Belo Horizonte) e três são privados (Curitiba, Porto Alegre e São Paulo).

Como os governos pretendem recuperar esse dinheiro?

No caso das PPPs, os estádios serão entregues para exploração pelo setor privado, e o retorno que obtiverem com jogos e uso dessas estruturas em shows e grandes eventos seria usado para ajudar a pagar os empréstimos aos bancos federais.

No caso do Rio, um consórcio formado pela empreiteira Odebrecht, a empresa IMX, do empresário Eike Batista, e a companhia de origem americana AEG venceu em maio a licitação que determinaria o responsável pela administração do estádio do Maracanã pelas próximas três décadas. As condições da concessão e a licitação, porém, abriram uma série de polêmicas.

Os três estádios públicos serão administrados pelos próprios Estados. Ainda há dúvidas sobre a rentabilidade de algumas arenas em capitais menos populosas no longo prazo. O medo é que elas se tornem "elefantes brancos". A rentabilidade das concessões ao setor privado para os Estados também é contestada por alguns movimentos da sociedade civil.

Como a Fifa lucra com o evento?

A Fifa lucra com os contratos de transmissão dos jogos, de marketing e com os patrocinadores. Ela tem seis patrocinadores fixos (Adidas, Coca-Cola, Emirates, Hyundai, Sony e Visa) e contratos exclusivos para a Copa (no caso do Brasil, já são 14). Além disso, a entidade não precisa pagar impostos no Brasil - privilégio também garantido em outros Mundiais.

"A Fifa faz uma festa privada e se você quiser que essa festa seja na sua casa, precisa aceitar as condições da entidade", diz Preuss. "A verdade é que ela não está comprometida com o desenvolvimento econômico dos países que sediam as Copas. A princípio é uma entidade sem fins lucrativos, mas cujo compromisso é com a promoção do esporte – e particularmente do futebol - no mundo."

Segundo Silveira, do Conselho Nacional do Ministério Público, a Fifa também mantém convênios com hotéis dos quais cobraria uma porcentagem sobre a hospedagem – em um esquema cujos efeitos sobre os preços estariam sendo analisados pelo MP.

Quanto foi comprometido em isenção fiscal?

Aprovado em 2010, o Regime Especial de Tributação para Construção e Reforma de Estádios da Copa, programa conhecido como Recopa, garante a desoneração de impostos como IPI, PIS/ Pasep e Cofins, além de tarifas de importação, na aquisição de equipamentos e contratação de serviços para a construção de estádios do mundial.

Agapito, da Controladoria Geral da União, diz não ter tido acesso ao dado de quanto foi desonerado. Segundo Luís Fernandes, do CGCopa, o levantamento ainda está sendo feito. De acordo com uma auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União), porém, as isenções de impostos federais concedidas às construtoras responsáveis pelos estádios da Copa somariam R$ 329 milhões. No caso das isenções para a Fifa, estima-se que o total desonerado ficaria em torno de R$1 bilhão.

Diário de Pernambuco

PEC 37 FOI DERROTADA

PEC 37





Diário do Nordeste

ISTO É INCRÍVEL!


CIDADES
Matéria do Jornal da Paraíba

Paraíba tem mais de 23 mil casas de taipa

Dados do Sistema de Informação de Atenção Básica do Ministério da Saúde mostram que ainda existem 23.596 casas de taipa na Paraíba.

Francisco França
Dona de casa Edvânia da Silva Marinho, vive com a irmã em uma casa de taipa na comunidade do S, em João Pessoa

“Para evitar que os insetos entrem pelas brechas do barro, eu coloco cortinas por toda a casa”, completou a catadora de materiais recicláveis, Maria Elza da Silva, 37 anos, que é irmã de Edvânia e que também mora em casa construída com barro e madeira.
“Moro em casa de taipa, não por opção, mas por condições financeiras mesmo, pois sobrevivo da pensão da minha filha e do Bolsa Família, e não tenho dinheiro para construir uma casa de alvenaria. Vivo feliz porque estou no que é meu, mas a casa é muito insegura. Quando chove forte tenho medo que a ela caia, além disso, tem que estar sempre retocando o barro”, disse a dona de casa Edvânia da Silva Marinho, 26 anos, que mora na Comunidade do 'S', em João Pessoa.

As duas irmãs estão entre as pessoas que vivem em uma das 23.596 casas de taipa ainda existentes na Paraíba, segundo dados, de fevereiro deste ano, do Sistema de Informação de Atenção Básica (Siab) do Ministério da Saúde.

De acordo com o sistema, do total de casas de taipa em todo o Estado, o município de Santa Rita, localizado na Região Metropolitana de João Pessoa, lidera o ranking entre as cidades que possui mais habitações desse tipo, registrando 2.136 casas construídas numa estrutura de ripas de madeira ou bambu, que formam um gradeamento, cujos vazios são preenchidos com barro amassado.

Com o objeto de reduzir o número de famílias que residem em casas de taipa, em Santa Rita, o secretário de Infraestrutura do município, José Fernandes de Lira, disse que até o final deste ano, estão previstos para serem aprovados os contratos para a construção de 500 casas de alvenaria. “A grande maioria dessas casas de taipa estão localizadas na zona rural do município, por isso, através do Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR) temos 10 projetos, cada um com 50 unidades habitacionais para serem construídas, que irão beneficiar os distritos de Santa Rita, com até 5 mil habitantes, como Lerolândia, Bebelândia, Livramento, Forte Velho e Odilândia. Já temos alguns processos transitando na Caixa Econômica, o que irá amenizar essa pressão por demanda de casas de alvenaria, onde até o final do primeiro mandato da atual gestão iremos erradicar a sub-habitação no município”, afirmou.

José Fernandes de Lira acrescentou que embora a quantidade seja menor, na área urbana também existem casas de taipa, cujos moradores deverão ser beneficiados com o programa 'Minha Casa Minha Vida', do governo Federal. “Essas pessoas da zona urbana serão atendidas pelo 'Minha Casa Minha Vida I' , que beneficia pessoas com renda mensal de zero a R$ 1.600 com casas ou apartamentos populares, cujas prestações ficam em média no valor de R$ 70”, disse.

O secretário afirmou ainda que até 2016, o déficit habitacional de Santa Rita, que atualmente está em torno de 10.500 unidades, seja reduzido em 40% ou 50%. Conforme o Siab, além de Santa Rita, os municípios de João Pessoa, Mamanguape, Rio Tinto, Areia, Sousa, Jacaraú, Conde, Marcação e Campina Grande estão entre as dez cidades com o maior número de casas de taipa no Estado.

Diante dos números, o titular da Gerência Executiva de Produção da Companhia Estadual de Habitação Popular (Cehap), através da assessoria de comunicação, disse que a Cehap já vem realizando a substituição das casas de taipa por casas de alvenaria há alguns anos, em toda a Paraíba, o que vem sendo feito através de vários mecanismos, tanto na zona urbana quando na rural, com destaque para o programa 'Minha Casa Minha Vida'.

PROGRAMA SUBSTITUI IMÓVEIS
Na zona rural do Estado, o Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR) emprega recursos para produção ou substituição de imóveis às famílias que moram em situação de vulnerabilidade social. A informação é da Gerência Executiva de Produção da Companhia Estadual de Habitação Popular (Cehap). Além disso, há o Programa de Subsídio à Habitação de Interesse Social (PSH), que é uma linha direcionada à produção de empreendimentos habitacionais, cujo principal objetivo é subsidiar populações de baixa renda, na construção de conjuntos ou de unidades isoladas. Já na zona urbana, o trabalho é feito através do Sub-50, em parceria com as prefeituras para encontrar, cadastrar e beneficiar essas famílias que vivem em situação de risco.

A assessoria de comunicação da Cehap acrescentou que atualmente o órgão está em processo de elaboração de um novo projeto para trabalhar com a faixa da população que vive em casas precárias, de taipa, em áreas de risco e em situação de pobreza, que será executado com recursos próprios. No momento, a Cehap está na fase final de construção da proposta, onde já foram pontuadas a quantidade de recursos, exigências de participação, área de atuação no Estado, entre outros quesitos.


NA CAPITAL
Em João Pessoa, a meta da prefeitura é reduzir o déficit habitacional em 13 mil unidades durante os próximos quatro anos. Segundo o secretário adjunto de Habitação, José Mariz, a intenção é dobrar a quantidade de casas construídas em relação à gestão anterior. “Nos últimos oito anos, foram feitas cerca de sete mil unidades habitacionais em João Pessoa”, disse.


Ele ainda acrescentou que o governo já começou a fazer estudos para iniciar a construção de parte das casas. “Estamos lançando licitação para iniciar a construção de quase duas mil unidades habitacionais, localizadas nos bairros do Alto do Mateus, Alto do Céu, Saturnino de Brito e Porto do Capim. Os recursos virão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Minha Casa, Minha Vida”, completou.(Colaborou Nathielle Ferreira)