Seca aumenta em 37% os custos com alimentos
em João Pessoa
Nos últimos 12 meses, índice superou em
quatro vezes a média da inflação e manterá tendência de alta
A
seca deve continuar aumentando o custo dos alimentos, que já acumulam alta de
37,77% nos últimos 12 meses, bem superior à média de aumento de todos os
produtos e serviços (10,19%), conforme o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA),
elaborado pelo Instituto de Desenvolvimento Municipal e Estadual (Ideme). O
período de início de plantio está passando e os produtores rurais estão
perdendo a expectativa que as chuvas encerrem a maior seca das últimas décadas.
Enquanto isso, fornecedores em atacado no Estado acreditam que o encarecimento
deve continuar porque já buscaram outros locais para comprar frutas, verduras e
cereais e a oferta continua sendo reduzida.
De acordo com o economista do Ideme, Geraldo
Lopes, a diminuição da oferta dos produtos, causada pela seca, teve como
consequência direta a elevação no nível da inflação. Ele esclareceu que o custo
ficou ainda maior porque, para suprir essa pouca oferta local, foi trazida
produção de outras regiões, que também é cara, já que há incidência de custos
com frete.
"Os preços dos alimentos nos últimos meses
contribuíram com o aumento do custo de vida em João Pessoa, na região Nordeste
e no Brasil. No ano de 2012, foi registrada a pior seca dos últimos 50 anos na
Paraíba, no Nordeste e até mesmo em algumas regiões do Brasil. Dessa forma, a
oferta de produtos destinados à alimentação foi reduzida em todo ano de 2012 e
nos primeiros meses de 2013”, destacou.
Produção foi comprometida
Geraldo Lopes avaliou que a seca justifica o
aumento porque toda a produção regional ficou comprometida e produtos como
milho, feijão, fava, arroz tiveram redução na produção em média de 90% em 2012.
Com isso, o estado passou a ser abastecido com produtos das regiões Sudeste,
Centro-oeste e Sul, no caso de arroz, milho e feijão e parte da carne. Já as
frutas e verduras são de áreas irrigadas da agricultura familiar da Paraíba e
demais estados do Nordeste, e também da região Centro-Sul, como tomate, maçã e
pera.
O economista explicou que, em fevereiro, o grupo
alimentação registrou uma variação mensal de 6,71% em relação a janeiro e já
acumulava 16,6% nos dois primeiros meses de 2013. Os dados completos e o
cálculo do índice de março serão divulgados na primeira semana de abril.
Ele avaliou que não é possível saber o
comportamento dos preços para os próximos meses. “Agora é que começa a chover
em algumas regiões do Estado e da região e não sabemos da intensidade
pluviométrica. Dessa forma, ainda poderá ocorrer boa produção de alguns
produtos. Por outro lado, a desoneração dos impostos que compõem a cesta
básica, adotada recentemente pelo Governo Federal, poderá contribuir na redução
nos preços de alguns itens do grupo alimentação, como carne, café, óleo,
manteiga e açúcar”, avaliou.
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