Estudo prevê colapso no Açude Boqueirão até o final de 2014
Pesquisadores da UFCG dizem que, sem chuvas regulares, reserva de água
deve se exaurir em 2014
Um estudo realizado pelo grupo de
Pesquisa em Gestão e Recursos Hídricos Superficiais e Subterrâneos, da Universidade
Federal de Campina Grande (UFCG), prevê colapso hídrico no Açude Epitácio
Pessoa, o Boqueirão, até o final de 2014. A pesquisa também aponta risco de
racionamento em Campina Grande já para o final deste ano, caso não chova
significativamente na região nos próximos meses. Os dados foram apresentados
pelo professor e pesquisador Janiro Costa Rêgo, da Unidade de Engenharia Civil,
durante sessão especial da Assembleia Legislativa Estadual, realizada nesta
sexta-feira (22), na sede da Federação das Indústrias da Paraíba (Fiep), em
alusão ao Dia Mundial da Água.
Segundo o professor Janiro Costa, o Plano
Estadual de Recursos Hídricos concluiu que o açude de Boqueirão pode fornecer
1,23 metros cúbicos por segundo (m³/s), entretanto, somente a água utilizada
pela Companhia de Gestão das Águas e Esgotos da Paraíba (Cagepa) utiliza mais
do que o dobro desta capacidade. “A Cagepa possui dois documentos de outorga de
uso. O primeiro dá o direito de retirar 1,23 m³/s. Mas o órgão gestor, que é a
Agência Nacional das Águas (ANA), deu outra outorga à Cagepa, no mesmo dia,
liberando mais 0,071 m³/s, dando um total de 1,3 m³/s, quando o açude só pode
garantir 1,23m³/s. Essa é a vazão outorgada. A vazão realmente usada pela
Cagepa não é medida, mas a própria Cagepa estima que seja de 1,5 m³/s em
média”, explicou.
O pesquisador acrescentou que não é possível estimar quanto vem sendo retirado do Açude Epitácio Pessoa ao longo dos anos. “Ninguém sabe com precisão quanto se tira do açude, é uma enorme falha da gestão. Os dois principais usuários que realizam estas retiradas são a Cagepa, que utiliza água para o abastecimento urbano e os agricultores, através da irrigação em torno do açude. A tubulação que sai do açude para abastecimento e todos os usos da Cagepa, deveria conter uma espécie de hidrômetro para medir quanto se tira. A outorga de uso concedida pela ANA obriga que ela meça a retirada e forneça a informação”, afirmou.
O pesquisador acrescentou que não é possível estimar quanto vem sendo retirado do Açude Epitácio Pessoa ao longo dos anos. “Ninguém sabe com precisão quanto se tira do açude, é uma enorme falha da gestão. Os dois principais usuários que realizam estas retiradas são a Cagepa, que utiliza água para o abastecimento urbano e os agricultores, através da irrigação em torno do açude. A tubulação que sai do açude para abastecimento e todos os usos da Cagepa, deveria conter uma espécie de hidrômetro para medir quanto se tira. A outorga de uso concedida pela ANA obriga que ela meça a retirada e forneça a informação”, afirmou.
Para os irrigantes, conforme esclareceu o professor Janiro Costa, não existe outorga para de uso, portanto não há medição oficial, mas o estudo apontou que a irrigação utiliza 0,95 m³/s. “A vazão retirada total é de 2,45 m³/s. É mais do que duas vezes a disponibilidade . Com estes dados nós fizemos uma simulação dos níveis do açude. Caso se repita, considerando 2012 a 2018, a mesma sequência de anos de seca, que houve de 1997 a 2003, já no final de 2013 chegaremos a racionamento em Campina Grande, o que é uma catástrofe. Se nada for feito e continuar o quadro de seca, no final de 2014 nós teremos o colapso do açude. As perdas são irreparáveis”, declarou.
Qualidade ameaçada
O estudo mostrou outro problema: a
qualidade da água do açude. “A irrigação nas margens do açude provoca um risco
altíssimo de contaminação nas águas, se não for cercada de todo cuidado
possível, praticada sem adubação química, sem agrotóxicos, todos esses venenos
são carreados pela própria irrigação para dentro do açude, que passa a ser
contaminada”, ressaltou o professor Janiro Costa. O coordenador estadual do
Dnocs, Solon Alves Diniz confirmou a suspensão da irrigação via açude de
Boqueirão já a partir do final do mês. Para o prefeito de Boqueirão, João Paulo
II, a decisão é precipitada.
O presidente da Fiep, Francisco Buega
Gadelha, também é contra a suspensão. “A segurança hídrica de Campina e da
Paraíba, nós só teremos com a transposição das águas do São Franciso. Suspender
a irrigação em Boqueirão é um problema muito sério porque você pode dizimar
algumas culturas que são perdas irreparáveis. Por outro lado, sem a segurança
do açude nós não temos processo de industrialização em Campina Grande”,
ponderou.
Portal Correio
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