Venezuela é o país mais corrupto
da América Latina, diz relatório
Brasil passou de 73º mais transparente do mundo em 2011 para 69º. Somália, Coreia do Norte e Afeganistão ficaram com pior índice: 8 pontos.
Venezuela e Paraguai seguem como os países mais
corruptos da América Latina, enquanto Chile e Uruguai se mantêm entre os mais
transparentes, aponta um relatório publicado nesta quarta-feira (5) pela ONG
alemã Transparência Internacional (TI) e disponibilizado na internet (veja, em
inglês). O Brasil obteve 43 pontos de 100 e melhorou no ranking,
passando de 73º em 2011 para 69º este ano, entre 176 países. Entre os chamados
Brics, o Brasil e a África do Sul são os país com a menor percepção de
corrupção.
Na avaliação de representantes da entidade
não-governamental da Alemanha, a percepção da corrupção no setor público do
Brasil vem melhorando ligeiramente ano a ano, mas o problema ainda é
"endêmico" no país. "A corrupção é algo que sempre houve, não
surgiu agora. É um problema endêmico, mas tem havido uma ligeira melhora ao
longo dos últimos dez anos. Se o país continuar no caminho atual, com mudanças
na lei e castigos aos corruptos, acredito que vai haver uma melhora, refletida
no ranking a partir do próximo ano", afirmou à BBC Brasil o diretor da TI
para as Américas, Alejandro Salas.
O dirigente da ONG europeia ressalta a
implantação da Lei de Acesso à Informação e da Lei da Ficha Limpa como mudanças
importantes realizadas recentemente no Brasil para aumentar a transparência e a
prevenção à corrupção. Neste ano, o Brasil regulamentou a Lei de Acesso à
Informação, que obriga órgãos públicos a prestarem informações sobre suas
atividades a qualquer cidadão interessado. O projeto de transparência é de
iniciativa do Executivo e vale para todo o serviço público do país. Também em
2012 ocorreu a primeira eleição sob as regras da Ficha Limpa, que torna
inelegível por oito anos os políticos condenados por órgãos colegiados.
Outra iniciativa recente de combate à corrupção
foi o julgamento do processo do mensalão. Os ministros do Supremo Tribunal
Federal (STF) condenaram 25 dos 37 réus suspeitos de envolvimento no esquema de
compra de votos parlamentares em troca de apoio político no Congresso, entre
eles ex-ministros, deputados e banqueiros.
Por outro lado, Alejandro Salas adverte que punições como a recente
condenação pelo STF de réus poderosos no processo do mensalão, ou mesmo a
demissão de ministros suspeitos de irregularidades, podem aumentar a percepção
do problema por conta de sua exposição na mídia.
Elas, no entanto, têm também um efeito importante
para prevenir novos casos, diz o dirigente da ONG alemã. 'Se um prefeito de uma
cidadezinha pequena do Brasil, por exemplo, vê que uma pessoa tão poderosa
quanto (o ex-ministro condenado no caso do mensalão) José Dirceu pode terminar
na prisão, vai pensar duas vezes antes de cometer um ato de corrupção', afirma.
Corrupção na América Latina
A edição de 2012 do já tradicional Índice de
Percepção da Corrupção oferece um ranking regional com poucas variações na
comparação com os relatórios dos últimos dois anos, mas faz uma advertência. "A
região saiu bem da crise mundial. Seu modelo econômico dá bons resultados
macroeconômicos, mas não se traduz em uma melhora da qualidade de vida dos
cidadãos. A América Latina é a região mais violenta, onde a desigualdade é
maior", assegurou o diretor da TI para as Américas, Alejandro Salas.
Figuram entre os mais transparentes Chile (72
pontos), Uruguai (72), Porto Rico (63), Costa Rica (54), Cuba (48) e Brasil
(43). Na outra ponta da lista, aparecem Venezuela (19), Paraguai (25), Honduras
(28), Nicarágua (29) e Equador (32). Entre uns e outros, em ordem decrescente
quanto à transparência, estão El Salvador (38), Panamá (38), Peru (38),
Colômbia (36), Argentina (35), Bolívia (34), México (34), Guatemala (33) e
República Dominicana (32).
Na escala global, Somália (8), Coreia do Norte
(8), Afeganistão (8), Sudão (13) e Mianmar (15) são os países mais corruptos; e
Dinamarca (90), Finlândia (90), Nova Zelândia (90), Suécia (88) e Cingapura
(87), os menos castigados por este tipo de prática. A TI, referência global na
análise da transparência, adverte em seu informe que só um terço dos 176 países
passou no exame, apesar do clamor cidadão contra estas práticas ter ganhado
impulso no mundo todo por causa da Primavera Árabe.
"Após um ano no qual a atenção esteve sobre
a corrupção, esperamos que os Governos adotem uma postura mais firme contra o
abuso de poder. Os resultados do TPI demonstram que as sociedades continuam
pagando o alto custo que representa a corrupção", afirmou em comunicado a
presidente da TI, Huguette Labelle.
Com
EFE e BBC
G1
Brasília
c/adaptações
e-mail: silvaaroldo2007@ig.com.br
Twitter:
aroldorenovato
Nenhum comentário:
Postar um comentário