segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

MUNDO

Fome: uma praga social
José Aroldo da Silva*
A fome afeta atualmente 1,02 bilhão de pessoas, quase um sexto da população mundial, segundo um relatório da FAO, a agência da ONU para a Agricultura e a Alimentação. A maior parte das pessoas desnutridas se encontra na região Ásia-Pacífico - 642 milhões, seguida da África subsaariana - 265 milhões, América Latina - 53 milhões e da região que compreende o Oriente Médio e o norte da África - 42 milhões. Nos países desenvolvidos, 15 milhões de pessoas sofrem com a fome. Observa-se que nenhuma nação está livre da fome, porém é a população dos países pobres que mais sofre com esta calamidade.
A temática da fome foi abordada pelo escritor pernambucano Josué de Castro, em seu livro Geopolítica da fome: ensaio sobre os problemas de alimentação e de população do mundo,  no qual fez os seguintes questionamentos sobre a fome no mundo: “Será a calamidade da fome um fenômeno natural, inerente à própria vida, uma contingência irremovível como a morte? Ou será a fome uma praga social criada pelo próprio homem? (CASTRO, 1961, p. 45). “A fome e a guerra não obedecem a qualquer lei natural. São, na realidade, criações humanas” (CASTRO, op. cit., p. 63).
Para Josué de Castro “Está provado que a natureza não é mesquinha e que seus recursos são mais do que suficientes para alimentar todo o efetivo humano por longos anos a vir” (CASTRO, 1960, p. 31). Nascido no Recife e graduado em medicina pela Universidade do Brasil em 1929, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, logo nos primeiros anos de formado, entendeu que a fome estava presente na vida de grande parte da população brasileira.
Josué de Castro teve uma profunda influência na vida nacional e grande projeção internacional nos anos que decorreram entre 1930 e 1973. Autor de obras tais como Geografia da Fome, publicada em 1946, na qual faz uma abordagem da insegurança alimentar que assola a população brasileira, principalmente nas regiões Norte e Nordeste e Homens e Caranguejos, em que retrata a história do personagem Zé Luís que desce do sertão para encontrar o mangue, onde se dá “o ciclo do caranguejo. O ciclo da fome devorando os homens e os caranguejos (p. 8). Josué de Castro dedicou o melhor de seu tempo e de seu talento para chamar a atenção para o problema da fome e da miséria que assolavam e que, infelizmente ainda assolam, o mundo.
No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, trinta e dois milhões de brasileiros - nove milhões de famílias - defrontam-se diariamente com o problema da fome. A primeira pesquisa sobre Segurança Alimentar feita pelo IBGE, como suplemento da PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio revelou que quase 14 milhões de brasileiros, ou 7,7% da população, viviam em domicílios nos quais a fome esteve presente ao menos um dia em 2004. Como se observa, muito ainda precisa ser feito no Brasil e no mundo para garantir às pessoas o direito à alimentação, preconizado na Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948.
*Acadêmico de Direito - UEPB

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