domingo, 8 de novembro de 2015

A CRISE É POLÍTICA

‘Crises não comportam mais intervenção militar’, afirma Rebelo

ANÁLISE. Alagoano quer Forças Armadas ‘desempenhando seu papel’

A evolução é o sentido natural das coisas. Pelo menos, assim deveria ser. Na política brasileira, enquanto muitos episódios caracterizam verdadeiros movimentos involutivos, outros revelam certo amadurecimento e trazem forte simbolismo. A posse do alagoano Aldo Rebelo no Ministério da Defesa pode se encaixar no segundo grupo. Comunista “de raiz”, que desde a juventude milita num partido exaustivamente perseguido pela Ditadura Militar – o PCdoB –, Rebelo foi calorosamente recepcionado por grande parte do alto escalão das Forças Armadas. Trinta anos depois do regime, a ascensão dele ao cargo dá o recado, intencional ou não, de que isso é democracia.

A troca do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, onde estava desde o começo do ano, pela pasta da Defesa pode parecer, aos olhos de alguns, uma contradição com sua história de militância na esquerda política. Entretanto Aldo Rebelo – que desde a década de 1990 escreve e dá palestras sobre o papel das Forças Armadas – diz exatamente o contrário: a defesa do País é um ideal comum e que, hoje, se articula em torno de princípios democráticos.

“Minha história política é marcada pela defesa do Brasil, sempre procurando ajudar na construção de um país soberano, forte e próspero. Para isso, convergimos com todos aqueles que têm o mesmo ideário nesse período mais amplo de liberdades democráticas de que já desfrutamos em nossa história”, afirmou o ministro em entrevista à Gazeta.

Repetindo a tônica do discurso de posse, Rebelo desconversou ao ser questionado sobre o sentimento de, sendo comunista, liderar as mesmas forças militares brasileiras que perseguiriam seu partido, colegas militantes e entidades as quais ajudou a fundar, como a União da Juventude Socialista (UJS). Na linha do “missão dada é missão cumprida”, o ministro reafirmou que quer dar condições para a Marinha, Aeronáutica e Exército executarem projetos estratégicos e valorizarem seu pessoal.

“Sinto-me determinado a cumprir a tarefa delegada, que é articular as condições institucionais para que as Forças Armadas desempenhem seu papel constitucional, sempre em defesa dos interesses nacionais. As Forças Armadas precisam de recursos compatíveis com sua missão e seus integrantes devem estar protegidos na sua dignidade profissional e pessoal”, respondeu.

O alagoano de 59 anos, natural da cidade de Viçosa, assumiu o ministério no auge da pior crise econômica e política dos últimos anos. Impulsionadas pelo alto grau de insatisfação da população com o governo federal, as manifestações que levaram milhares de pessoas às ruas, do ano passado para cá, contra a gestão da presidente petista Dilma Rousseff também trouxeram à tona ideias e paixões perigosas.

Fonte: Gazeta de Alagoas

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