Políticos são os
maiores latifundiários do Brasil, diz livro
Para escrever "Partido
da Terra: Como os Políticos Conquistam o Território Brasileiro",
o jornalista Alceu Luís Castilho dedicou três anos à
pesquisa de aproximadamente 13 mil declarações de bens de políticos eleitos
entregues ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A investigação concluiu que os
donos do poder são também os grandes proprietários de terra. O número comprovado desses bens --que pode ser maior que o
declarado-- coloca 2 milhões de hectares nas mãos de políticos em mandatos
municipais, estaduais e federais. A informação passada ao TSE designa-se apenas
ao valor do terreno, não à sua área total. Por isso, segundo o autor, o
montante pode ultrapassar 4 milhões de hectares, território pertencente a um
grupo de 13 mil pessoas.
Mesmo entre esses latifundiários --alguns dignos de uma
capitania hereditária--, existe uma distribuição desigual: 31 políticos possuem
20 mil hectares. Alguns são acusados de usar trabalho escravo e/ou de serem
responsáveis por desmatamento. Essa elite é afiliada a diferentes partidos políticos e de
todo o país. Porém, PMDB, PSDB e PR são os que lideram o ranking. "Alguém
se surpreenderá que os filhos da Arena possuem menos terras que os filhos do
MDB?", questiona Castilho sobre o crescimento da "esquerda
latifundiária".
Entre os políticos eleitos no último pleito, os senadores
são os maiores proprietários rurais do país. "A média de hectares por
senador impressiona; são quase mil hectares (973) para cada um. Precisaríamos
de vários planetas para que cada brasileiro possuísse a mesma quantidade de
terras", explica. No quesito desigualdade em concentração de terra, o Brasil
só perde para o Paraguai.
Formado pela USP (Universidade de São Paulo), Alceu Luís
Castilho já recebeu os prêmios Fiat Allis de jornalismo econômico, Vladimir
Herzog de Anistia e Direitos Humanos, Direitos Humanos e Jornalismo e o Prêmio
Andifes.
Folhauol
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